Para responder a essa pergunta vamos começar pensando em um casal que decide engravidar naturalmente e que não tem nenhuma causa de infertilidade, ambos em idade menor que 35 anos. Após a decisão, eles começam a tentar e a chance de engravidar já no primeiro mês é de aproximadamente 10%. Mas infelizmente eles não engravidam no primeiro mês e, se continuarem tentando, no próximo mês a chance será novamente em torno de 10%. Essa taxa é a taxa de gestação por ciclo, que leva em consideração cada tentativa individualmente. Como a cada mês consecutivo eles terão a mesma chance de engravidar, quanto mais vezes esse casal tentar, mais chances eles irão acumular. Essa taxa somada, é o que chamamos de taxa cumulativa de gestação.
Para a realização de um tratamento de Inseminação Intra-Uterina (IIU) a paciente é estimulada e o sêmen é depositado no momento ideal dentro do útero. Esse procedimento aumenta as chances de gestação quando comparado ao método natural, proporcionando uma taxa de sucesso em torno de 15% em cada tentativa. Assim como nos casos naturais, se a paciente que de a IIU não engravidar e realizar novamente outro tratamento, ela terá de novo a mesma taxa de sucesso nesta segunda tentativa. Da mesma forma, essas chances se acumulam ao longo dos tratamentos realizados, resultando em maiores chances de engravidar do que uma paciente que só teve uma tentativa que não resultou em gestação.
Em um tratamento de fertilização in vitro é realizado o processo de estimulação dos ovários para que mais óvulos sejam coletados. Embora somente um óvulo que origine um embrião seja necessário para uma gestação, quanto maior o número de óvulos coletados, maior será a chance de ter um embrião saudável ao final do processo. A idade materna é sem dúvida o fator que mais impacta negativamente, ou seja, quanto a paciente se afasta dos 35 anos, menor a sua chance de gestação. Em pacientes jovens, a chance de gestação em cada transferência de embrião é em torno de 45%. Se a paciente tiver mais embriões excedentes que podem ser congelados, ela terá novas tentativas com as mesmas chances. Portanto, uma paciente com mais embriões tem uma chance maior de engravidar. Além disso, nem todos os embriões formados são viáveis e têm potencial para se tornar um bebê. Muitos deles possuem alterações genéticas que podem ser detectadas pela biópsia embrionária e evita que a paciente realize várias transferências sem sucesso. Entretanto, mesmo transferindo embriões normais geneticamente, a taxa de gestação não é de 100% e quanto mais embriões normais a paciente tiver, maior será a sua taxa cumulativa de gestação.
A taxa cumulativa de gestação é, portanto, fundamental para que mais pacientes engravidem, mesmo que muitas podem ter sucesso já na primeira tentativa. Os cenários aqui discutidos são simplificados pra explicar de maneira resumida as taxas de cumulativas e não levando em conta aspectos fundamentais como o histórico de aborto recorrente e características do endométrio. É essencial ficar atento a cada caso, pois muitas vezes repetir o mesmo tratamento já realizado anteriormente não é o mais indicado. Existem casos onde a associação de técnicas ou o ajuste de determinado protocolo pode ser oferecido para aumentar a chance de gestação.